Sim, é o mesmo. Um pedaço do teu chocolate preferido embrulhado num guardanapo para comeres depois do almoço. Um coração que alguém esculpiu numa parede velha. Uma canção que não faz sentido, mas que ouves. As cordas da tua guitarra. Ou da minha. O jogo que me ensinaste a jogar na tua PSP. O teu sorriso porque eu perco sempre. E rapidamente. As paredes do meu quarto. Pintadas e estranhas. É tudo o mesmo.
Pedaços de vida que eu vou embrulhar. Num outro guardanapo. Ou num lenço de pano. Daqueles que já não se usam.E não vou reparar neles depois do almoço. Talvez a meio tarde. Quando já estiver fora de horas. E rir-me. Porque é estranho. E não faz sentido. Mas bom. Gostar do ilógico, como todos.
E ninguém vai destruir o coração da parede velha. Porque velha, só a parede. O sentimento é novo. E igual. Todos os dias. Para os que lá passam. E vêem. O amor plantado num jardim invulgar. E sorriem. Ele há cada sítio para plantar o amor !
- Menina, coma o chocolate. Vai derreter.
- Agora não. Depois do jantar. A esta hora perde metade do sabor.
E fico a lembrar-me, durante mais tempo, que o melhor da vida vem sempre embrulhado. Num guardanapo. Ou algo assim.