26 setembro 2011

Simbiose

não consigo para de rir do mutualismo. sarcástico. um nada cruel. encaixes múltiplos de segmentos ocos. 

cheguei a pensar em simbiose, a clara satisfação de quem come uma bolacha de chocolate e o claro objectivo de satisfazer da mesma. ou algo mais profundo, se quiserem. mas para mim está bem assim. simbiose. é grotesca, tentação animal que não se esconde, mas na qual ninguém repara. 

e depois vêm queixar-se de que já não chega. insaciável desejo. e é verdade. eu podia parar de refletir nestas coisas vãs e vis. como bolachas de chocolate. ou tampas de iogurte liquido, que acho demasiado atrativas. mas que fazer?

a culpa é do resto do mundo, que ainda não parou de rastejar, de rebolar em torno de si próprio, numa busca incessante de uma simbiose permanente. a arma perfeita para matar sem deixar rasto. 

30 abril 2011

O "je ne sais quoi" do atum

- de que são eles feitos ? e nós de que somos ?
- água, sangue, tecido, músculo...
  sim, eu até entendo. mas falta-me o resto. e dizer "resto" assim, sem condimento nenhum, é mais vago e banal do que o que parece. 
às vezes olho para as pessoas e vejo pó, um pano de cozinha, uma chave de fendas; vejo uma tijoleira que se partiu, sacas de plástico, uma garrafa vazia. e sei que são coisas vãs e vis para se ver em pessoas. e sinto-me, por defeito, vazia, à mercê da circunstância. restos de vazio e agora a língua é matemática. e às vezes sei juntar coisas: um abraço que limpa o pó (da pele), um pano que enxuga as lágrimas, um mão ensanguentada que se magoou na garrafa, uma lata de atum que se perdeu porque a saca se furou... tudo na volta do supermercado, que é onde as pessoas vão mais. 
e é assim que começo a achar que também somos feitos de vidro, sal, plástico e atum. acrescento uma série de missangas, talvez. 
e não deve ser mentira nenhuma. agora mesmo, que ninguém duvide, sou atum em lata

01 janeiro 2011

Problema de Expressão

           - É normal. 
          - O quê? 
          - Não temos que ter um motivo para tudo. Há coisas que não se explicam. 
          - Não acho. 
          - São códigos diferentes. 

          Se continuas assim, vais obrigar-me a escrever dois parágrafos, 75 palavras cada, espaçamento 1,5, texto justificado, Times New Roman 12, a enunciar as razões que me fazem gostar de ti. E eu vou entregar-te uma folha em branco, com o espaçamento que tu quiseres, com os parágrafos que bem entenderes e com o post itDesculpa, tenho um problema de expressão.Limbo comunicacional, se é que me entendes. 
          Mas tu vais ignorar-me. Porque também tens um. E é o mesmo. Problema de expressão. 


27.11.2010